Suplementos para a mãe que amamenta

Conheça os cuidados de suplementação necessários para garantir o bem-estar da mãe e o desenvolvimento saudável do bebé durante o aleitamento materno.

No período de amamentação, as necessidades energéticas e nutricionais da mãe, em termos de energia, água, proteínas, hidratos de carbono e de alguns micronutrientes, estão aumentadas.

Como explica Maria Ana Carvalho, nutricionista no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, «durante a gravidez são acumuladas reservas de gordura que irão cobrir parte do aumento das necessidades energéticas que se verifica durante a lactação. No entanto, mesmo tendo em conta esta mobilização de energia dos tecidos maternos, as necessidades energéticas nas mulheres que estão a amamentar em exclusivo aumentam em média 500 kcal por dia, comparativamente com as necessidades energéticas que a mulher tinha antes de engravidar».

Este aumento das necessidades energéticas deve-se, por um lado, à energia que é despendida na produção de leite, e por outro, à energia que é mobilizada dos tecidos maternos.

De acordo com a especialista, o ajuste às necessidades energéticas acrescidas deve ser feito através da adoção de uma alimentação completa, equilibrada e variada, baseada nos sete grupos da Nova Roda dos Alimentos, e pela toma de suplementação adequada.

Mães a amamentar precisam de mais iodo

O iodo é um oligoelemento essencial para o organismo humano, que se acumula na glândula tiroide e é necessário para produzir as hormonas tiroideias, por sua vez fundamentais para a maturação do sistema nervoso central do bebé e para o seu desenvolvimento saudável.

A amamentação exclusiva carece de um aporte superior de iodo, tal como a gravidez, de forma a completar as necessidades da mãe que amamenta e assegurar o normal desenvolvimento cerebral do bebé.

Com base nesta evidência e depois de ter verificado que em Portugal as grávidas e jovens mães não estavam a receber o aporte adequado de iodo, a Direção-Geral da Saúde (DGS) lançou em 2013 uma orientação para todas as mulheres grávidas e mães a amamentar, no sentido de sensibilizar para a necessidade de suplementação com iodo.

«As mulheres em preconceção, grávidas ou a amamentar devem receber um suplemento diário de iodo sob a forma de iodeto de potássio – 150 a 200 μg/dia, desde o período pré-concecional, durante toda a gravidez e enquanto durar o aleitamento materno exclusivo, pelo que deverá ser prescrito o medicamento com a substância ativa de iodeto de potássio na dose devidamente ajustada», recomenda a DGS.

A autoridade de saúde fundamenta esta orientação assinalando que as hormonas tiroideias, cuja biossíntese é possível através do iodo, «são responsáveis pela regulação do metabolismo celular e desempenham um papel determinante no crescimento e desenvolvimento dos órgãos, especialmente do cérebro», desenvolvimento esse que ocorre durante a gestação e nos dois ou três primeiros anos de vida.

Influência do iodo no leite materno

O aporte de iodo no bebé até aos seis meses de vida é feito através do leite materno. Tal como os sabores da alimentação da mãe passam para o leite que alimenta o bebé, os nutrientes que esta ingere também vão estar presentes no leite, pelo que o iodo que a mãe toma acaba igualmente por passar para o bebé.

Outros suplementos

Se a mãe seguir as recomendações do médico e do nutricionista relativamente à alimentação e à suplementação com iodo, e se não apresentar sinais de carências nutricionais, não necessita de administrar outros suplementos nesta fase.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a DGS recomendam a suplementação com iodo no período de aleitamento materno exclusivo e a eventual suplementação com ácido fólico ou ferro, no caso de haver uma avaliação médica a apontar nesse sentido.

Reforço alimentar

Para responder ao aumento das necessidades energéticas imposto pela amamentação exclusiva e conseguir ingerir as 500 kcal a mais necessárias para este período, a mãe deve reforçar a alimentação, procurando o apoio do médico especialista e do nutricionista para fazer as alterações necessárias no seu plano alimentar.

De acordo com Maria Ana Carvalho, um almoço ou jantar saudável, com uma tigela de sopa de legumes, um prato principal com metade de produtos hortícolas, um quarto com uma porção de carne ou peixe e outro quarto com massa ou arroz ou batata, e uma peça de fruta pequena no final, corresponde em média a 500 kcal.

«Isto não significa que as mães que amamentam exclusivamente durante os primeiros seis meses devam consumir um almoço ou um jantar extra. Significa sim que devem repartir estas calorias extra ao longo do seu dia, de forma a atingir este incremento nas necessidades energéticas e nutricionais. Normalmente, aconselho o reforço dos lanches intermédios, e por vezes o reforço das quantidades às refeições principais», descreve.

A nutricionista sublinha ainda que, ao contrário de alguns mitos que costumam circular entre as mães, não existe evidência científica que comprove a necessidade de fazer restrições alimentares durante a amamentação, com exceção do álcool, que deve ser evitado. Para manter o equilíbrio nutricional, a mulher deve adotar uma alimentação saudável, baseada na Nova Roda dos Alimentos, ingerindo mais alimentos dos grupos de maiores dimensões, como os produtos hortícolas, e menos dos de menores dimensões, como as gorduras, não esquecendo que a ingestão de água também é muito importante.

Pós-Parto
Depoimentos e revisão
Dra. Maria Ana Carvalho,
Nutricionista.
Escrito por
Iolanda Veríssimo