Estratégias para acalmar o recém-nascido

Saiba como serenar o bebé nos primeiros tempos. Ele comunica com o choro. É a forma inata para chamar a atenção dos que cuidam dele para as suas necessidades básicas. O pai e a mãe não devem desesperar, com o tempo vão entendê-lo na perfeição.

Os recém-nascidos comunicam também a chorar. É uma linguagem universal durante os primeiros meses de vida, através da qual exprimem as suas necessidades mais básicas, como os desconfortos físicos (fome, cansaço, fralda molhada, frio e/ou calor excessivo), emocionais (falta de atenção, insegurança) e patológicos (dor, cólicas). Os primeiros tempos representam, certamente, um desafio enorme para os pais, mas à medida que vão conhecendo melhor o seu bebé, mais facilmente distinguem os diferentes choros e são capazes de responder com eficácia às suas necessidades.

Segundo Ivete Monteiro, enfermeira especialista em Saúde Infantil e Pediatria, “os pais começam a entender os diferentes choros do bebé ao fim dos primeiros 8/10 dias de vida. Antes disso funciona um pouco por tentativa/erro, mas é normalíssimo por ser um período de descoberta mútua”. A profissional de saúde diz mesmo que “os primeiros dias são difíceis por serem de adaptação a uma nova realidade, em que os pais estão muito desorientados e colados a um sentimento de incapacidade e de dúvidas e é muito importante motivá-los. Eles vão ser capazes, mas têm de encetar um caminho de fortalecimento de laços e de conhecimento mútuo com o bebé. É normalíssimo não serem perfeitos, falharem, mas aos poucos, tudo vai ficar mais claro e a relação entre os progenitores e o filho vai ficar mais reforçada”. 

CAUSAS DO CHORO

A fome é, por norma, uma das principais razões do choro de um recém-nascido, especialmente se foi amamentado há mais de duas horas. O sono e a fralda molhada são também dois outros desconfortos clássicos associados ao pranto do bebé. Mas se estiver alimentado, com fralda seca e bem dormido, o recém-nascido pode lamentar-se por outras razões, nomeadamente por algum incómodo, dor, excesso de estimulação ou de barulho, e até por necessidade de aconchego e de atenção.

“O bebé dentro do útero da mãe sente-se amparado, aconchegado, não está exposto ao ruído de forma tão intensa, a mãe providenciou-lhe sempre alimentação e manteve-o quente durante nove meses. Quando nasce essa proteção desaparece e ele sente-se desprotegido.

A passagem do útero é muito violenta, o bebé transita do meio líquido para o meio seco e, portanto, necessita de se reorganizar”. No exterior, o bebé encontra muitos estímulos novos e sente-se perdido, porque não tem os limites do útero. A mãe em especial, por estar mais presente nos primeiros meses, tem um papel fundamental na autorregulação do bebé. Deve procurar estar atenta ao bebé porque ao conhecê-lo melhor pode recorrer a estratégias que o protejam. E uma das principais técnicas é o contacto pele com pele, o peito da mãe, o cheiro do leite. O contacto físico, o ser aconchegado junto ao peito da mãe, pele com pele, dá-lhe segurança e acalma-o. É uma estratégia simples, mas muito eficaz”, esclarece Ivete Monteiro.

10 DIAS DEPOIS TUDO SIMPLIFICA

Parece básico, simples e infalível. O bebé quando chora, que é a sua forma de comunicar com o mundo numa fase muito inicial, ele quer dizer sempre alguma coisa, mas nem sempre significa perigo ou sofrimento. Nos primeiros meses, os recém-nascidos não têm outra forma de transmitir o que estão a vivenciar. O choro é a sua voz. Depois tudo acalma e os bebés começam a expressar-se de outras formas.

Os primeiros 10 dias poderão ser os mais complexos, mas após este período tudo simplifica. A mãe e o pai começam a distinguir e a entender com mais facilidade os diferentes tipos de choro e tudo começa a fazer sentido, como por magia. Contudo, não há receitas milagrosas nem feitas à medida.

Cada bebé é um ser único e deve ser entendido e respeitado como tal. As sugestões que eventualmente contribuem para acalmar um bebé, não surtem efeito noutro bebé. É importante ir experimentando algumas estratégias, mas não se aconselha de uma forma contínua. Vá testando com o seu bebé e aprendendo a conhecê-lo, aos poucos e poucos estarão ‘mestres do choro’, capazes de acalmá-lo e de responderem eficazmente às suas necessidades.
Porém há bebés mais temperamentais que outros e os pais não devem desesperar.

Nos primeiros meses o recém-nascido chora com frequência e só a partir do terceiro mês é que reduz consideravelmente o tempo de choro. Se o pranto do bebé persistir e nenhuma estratégia servir para o acalmar, será importante perceber junto de um profissional de saúde se está tudo bem com o recém-nascido.

10 DICAS PARA SERENAR

1 - Aconchegue o bebé ao seu colo

Esta é a primeira e o mais eficaz de todas as estratégias. Pegue o bebé na vertical e aconchegue-o contra o seu peito, de preferência pele com pele, para ele sentir o cheiro da mãe, do leite, o seu ritmo cardíaco. Enquanto esteve no útero, o bater do coração da mãe sempre foi para ele sinónimo de calma e de um ambiente conhecido, seguro. Ao voltar a experienciar essa sensação, o bebé vai sentir-se mais tranquilo e acalma praticamente de imediato. Um bom ‘abracinho’ faz milagres! O contacto físico dá muita segurança, transmite-lhe emoções distintas: amor, alegria, serenidade, segurança e bem-estar que ajuda a estimular o seu desenvolvimento emocional, psicomotor e intelectual.

2 - Fale calmamente com ele

Outro passo muito certeiro. A voz familiar da mãe muitas vezes é suficiente para acalmar o bebé. Ao falar calmamente, transmite-lhe confiança a ele e reduz a ansiedade da mãe. Devagarinho, comunique com o bebé os seus receios e partilhe as dificuldades do momento, como se ele estivesse a entender toda a conversa. Este discurso vai ajudá-la a serenar e ao bebé também.

3 - Sem fome, sem sono, sem fralda molhada

Certifique as necessidades básicas do bebé porque qualquer um destes desconfortos pode ser motivo de choro intenso.

4 - Verifique sintomas de doença

Fique atenta a sintomas como febre, diarreia, recusa em alimentar-se ou diminuição acentuada de atividade.

5 - Cante para o bebé

Muitos bebés acalmam quando a mãe canta uma canção de embalar ou coloca uma música clássica ou de meditação, suave. Aconchegue-o ao colo e cante para ele, embalando-o. O ideal até é cantarolar uma música que já trauteava para ele quando estava grávida. O bebé reconhece o ritmo da música e ajuda-o a reorganizar-se. Pode ser mágico!

6 - Balance o bebé

A maioria dos bebés gosta de ser balançado muito suavemente. Pegue e balancei-o nos seus braços de forma suave e segura, confortável. Nas primeiras semanas, o bebé deve ser apoiado sobre o peito e deve certificar-se de que a sua cabeça está segura. O balancear o bebé contribui para descontraí-lo e até adormece, muitas vezes.

7 - Passeie com ele

Experimente levar o seu bebé a passear, em especial de carro. Há bebés que adormecem e acalmam com o constante som do motor do carro e o balanço do rolar do carro na estrada.

8 - Faça-lhe uma massagem

Acaricie o seu bebé ou massaje-o gentilmente na barriga na direção dos ponteiros do relógio e com as pernas para fletidas para trás e para a frente, para ajudá-lo a libertar os gases e as cólicas do lactente. Depois de ter sido alimentado, coloque-o junto ao peito com a cabeça pousada no seu ombro e massaje as costas para que ele consiga arrotar melhor, se perceber que ele ainda não arrotou e está incomodado com isso.

9 - Dê-lhe um banho morno

O som da água a correr juntamente com os benefícios de um banho de água tépida pode fazer maravilhas. Aproveite o momento para acariciá-lo e transmitir-lhe beijos e palavras de afeto, o que irá fortalecer a relação. O bebé necessita de doses diárias de carinho para se sentir amado e desenvolver-se de forma saudável.

10 - Mantenha a calma

Tenha paciência, mesmo nos momentos mais desesperantes. Se perde a calma, o bebé sente a tensão e reagirá de uma forma ainda mais expressiva. O seu esforço em acalmá-lo não resultará se estiver nervosa e ansiosa. A máxima é acalme-se para conseguir acalmar. Caso não o consiga, por diversos fatores, procure ajuda com uma terceira pessoa para acalmar o bebé e a mãe deve descansar um pouco.

Pós-Parto
Depoimentos e revisão
Ivete Monteiro,
Enfermeira Especialista em Saúde Infantil e Pediatria
Escrito por
Paula Braga